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 TEMA: EXPERIÊNCIA PSICOLÓGICA: AUMENTO DO DESEMPENHO NA PRESENÇA DE OUTROS 

Prezado/a internauta 

 
O experimento científico que irá ler a seguir, é provavelmente o 1º experimento feito no Curso de Psicologia de Lorena, SP, logo após ele ter sido criado, em 1970, na Faculdade Salesiana, atual Unisal.
 
Após o experimento, apresento alguns registros que fiz na época junto com alguns colegas do Curso, para que outros futuros alunos do Curso de Psicologia conheçam o Laboratório Experimental de Psicologia que existiu naquela época, na década de 1970.
 
Atenciosamente,
Antonio de Andrade

Contato pelo e-mail:   opcao@editora-opcao.com.br

 

É autorizado o uso do texto, por quaisquer meios, com a indicação do autor e do site.

  

 

AUMENTO DO DESEMPENHO NA PRESENÇA DE OUTROS

Autor: Antonio de Andrade

 Publicado na Revista da Faculdade Salesiana, ano 15, 1974, nº 22, pg.120-123

com o título PSICOLOGIA SOCIAL: FACILITAÇÃO SOCIAL

INTRODUÇÃO 

As experiências feitas com o Ergógrafo, sobre o comportamento na presença de outros (Meumann, 1904) provaram que um sujeito emitindo, no máximo de seu esforço, respostas previamente aprendidas, quando estiver com espectadores presentes, terá seu desempenho aumentado. Mantendo-se todas as possíveis variáveis sob controle e usando-se dois grupos de sujeitos, equivalentes em desempenho muscular medido pelo Ergógrafo, a introdução de uma audiência no Grupo Experimental e a sua não introdução no Grupo de Controle, darão como resultado um aumento no desempenho do primeiro grupo em relação ao segundo. 

Esses dados dizem da importância da presença de outras pessoas como fonte de estimulação para a realização de um desempenho. Pode-se encontrar na vida prática a confirmação desses experimentos, e não apenas encontrá-la em situações criadas artificialmente em pesquisas de Laboratório de Psicologia Experimental. 

Os sujeitos do experimento foram escolhidos entre alunos do sexo feminino do Curso de Psicologia de Lorena, com força da mão direita equilibrada entre si, avaliada pelo Dinamômetro. Os sujeitos de audiência foram, além do experimentador, mais dois rapazes e três moças, totalizando seis pessoas.

 O aparelho usado foi o Ergógrafo de Mosso-Treves, modelo italiano (Turim, Itália), para o registro do esforço muscular do dedo médio. Esse aparelho se compõe de duas partes interligadas, distintas uma da outra. Uma parte fixa o braço, uma alça. Essa alça móvel é presa a um mecanismo que está ligado a um cordel com um peso na outra extremidade. A outra parte do aparelho possui um mecanismo que permite o levantamento do peso e um sistema de registro composto de um estilete e um cilindro que gira a cada contração do dedo. Quando se contrai o dedo, o cordel é puxado e o peso, levantado. Um cursor que se encontra no trajeto, é deslocado com o movimento e inscreve por meio do estilete, no cilindro que gira, o comprimento que representa a contração muscular. Esse comprimento de cada desempenho é medido em milímetros.

No experimento um Metrômetro munido de uma campainha, marcou os intervalos de tempo de 6 segundos para cada contração do dedo.

O ambiente experimental foi composto de dois ambientes: o físico e o social. O ambiente físico, com uma sala de experimentação onde não havia nada além da mesa com os aparelhos (Ergógrafo e Metrômetro) e a cadeira para o sujeito. A sala possui um dispositivo envidraçado que permite observar o recinto do experimento sem ser visto.

O ambiente social. Partindo do fato de que a presença do experimentador é uma variável na situação experimental, este somente deu as instruções ao sujeito de como desempenhar a tarefa e, logo a seguir, retirou-se da sala. Isto aconteceu em todas as sessões do experimento, com exceção da sessão dois com o grupo experimental, onde o ambiente social foi modificado com a permanência do experimentador e a introdução de cinco outros sujeitos que formaram a audiência. Esta permaneceu em silêncio, observando o sujeito experimental na realização da tarefa. 

No experimento, a variável independente (causa) foi a presença de uma audiência, (entendida como algumas pessoas, mais de uma, presentes na sala da experimentação) observando. O controle desta variável foi a sua introdução no Grupo Experimental e a sua não inclusão no Grupo de Controle. A variável dependente foram os desempenhos específicos de cada sujeito. A resposta medida foi o esforço muscular (sempre no seu limite máximo de capacidade do sujeito); esse esforço muscular de levantar um peso com o dedo médio, através do Ergógrafo, foi medido pelos registros do ergograma.  

O ergograma, com os registros dos desempenhos dos sujeitos em cada sessão, foi composto de 30 registros. Destes, somente 20 foram usados para o experimento. Os 10 primeiros desempenhos foram usados para os sujeitos aprenderem a tarefa e se adaptar ao aparelho.  

O experimento teve para cada sujeito a duração de 360 segundos, sendo 120 segundos dos 20 desempenhos da primeira sessão e 120 dos 20 desempenhos da segunda sessão. O restante pertence aos 10 desempenhos-treino das duas sessões do experimento.  

No experimento houve entre as duas sessões um intervalo de duas horas, usadas para a construção dos grupos equivalentes em desempenho e para o descanso dos sujeitos. 

O experimento seguiu o plano esquematizado na TABELA 1.

 

TABELA 1

Plano de experimento com  os esquemas do tipo de relação S – P – R

(S = Situação específica; P = Pessoas, sujeitos; R = respostas)

 A) 1ª SESSÃO: Situação inicial (Si): Cada um dos 16 sujeitos (P) passou pela sessão de desempenho inicial(Si), ou seja:  P - Si - R

 

 

B) Divisão dos sujeitos em grupos equivalentes, 8 sujeitos em cada grupo.

 

C) 2ª SESSÃO:  Situação final (Sf):

   C1) SITUAÇÃO DE CONTROLE (Sfc): Cada um dos 8 sujeitos do grupo de controle passou pela Situação de Controle (Sfc)

  C2) SITUAÇÃO EXPERIMENTAL (Sfvi): Cada um dos 8 sujeitos passou pela situação experimental, com a introdução da Variável Independente, a audiência) 

   

 Na primeira sessão (Situação inicial - Si) do experimento, cada sujeito foi introduzido na sala experimental, colocado no aparelho Ergógrafo, recebendo as seguintes instruções verbais padronizadas para esta situação:

“Cada vez que soar a campainha deste aparelho (Metrônomo), imediatamente você deverá puxar com o dedo médio, o máximo que puder, esta alavanca móvel. E imediatamente depois deste movimento, você deverá soltá-la, deixando-a voltar à posição normal (demonstrar). Com esse movimento você levanta um peso (mostrar). Cada 6 segundos soará uma vez a campainha e você realizará a tarefa. Puxará a alavanca do aparelho no total de 30 vezes, uma a cada 6 segundos. Quando o tempo terminar, o aparelho será automaticamente desligado, não mais soará a campainha e você deverá parar”.  

A segunda sessão (Situação final – Sf) possui duas situações distintas: SITUAÇÃO DE CONTROLE (Sfc) e SITUAÇÃO EXPERIMENTAL ou Situação final com variável independente (Sfvi). Uma situação para o Grupo de Controle (Sfc) que foi idêntica à primeira sessão, isto é, o experimentador deu as instruções ao sujeito e o deixou realizar a tarefa sozinho, na sala experimental. E uma situação diferente para o grupo  Experimental (Sfvi). Nesta, após o sujeito ser colocado no aparelho, foram dadas as seguintes instruções padronizadas:

“Agora você vai realizar a tarefa do mesmo modo da vez anterior, isto é, a cada 6 segundos a campainha soará e imediatamente após ela soar, você puxará, o máximo que puder, a alça do aparelho, levantando o peso e, soltando-a em seguida, para que o peso volte à posição normal. Porém, agora, algumas pessoas estarão presentes, aqui na sala, para ver você realizar a tarefa (introduzir a audiência)”.

 RESULTADOS

Os resultados obtidos foram colocados em um Plano Fatorial conforme os Quadros 1 e 2. A análise dos Desempenhos do QUADRO 1 confirma a hipótese de que “o desempenho do sujeito, na presença de uma audiência, ultrapassa seu desempenho apresentado quando sozinho (Meumann, 1904; Travis, 1925; Zajonc, 1969). Olhando-se verticalmente na Coluna Sf, constata-se que o Grupo de Controle obteve 4.225 mm e o Grupo Experimental 5.355 mm. A diferença entre os desempenhos dos dois grupos é de 1.130 mm. Isso quer dizer, em outras palavras, que o desempenho do grupo que teve uma audiência presente é superior em 1.130 mm ao desempenho do grupo que não teve uma audiência presente.

QUADRO 1

Plano Fatorial com o somatório em mm dos desempenhos dos sujeitos, por grupo. 

 

Milímetros

 

Si

Sf

GC - Grupo Controle

4.150

4.225

GVI - Grupo Experimental

4.146

5.355

 

Notas:

1. Horizontalmente:

1.1. No Grupo de Controle (GC), a diferença entre os desempenhos da Situação Inicial (Si) e os da Situação Final (Sf) é de 75 mm. Este aumento na Sf não é significativo estatisticamente.

1.2. No Grupo Experimental, com a audiência presente, (GVI), a diferença é de 1.209 mm, superior na Sf. 

 

2. Verticalmente:

2.1. Na Si, a diferença entre o GC e o GVI é de 4 mm: esta diferença não é significativa estatisticamente, não impedindo a construção dos grupos equivalentes.

2.2. Na Sf, a diferença de desempenhos entre o CG e o GVI é de 1.130 mm. O grupo com audiência presente obteve um aumento de desempenho em relação ao Grupo de Controle e ao seu próprio da Si.  

Esses mesmos resultados, vistos em média aritmética no QUADRO 2, revelam que o Grupo Experimental obteve um resultado superior em 56,50.

QUADRO 2

Plano Fatorial com as médias aritméticas dos desempenhos, por grupo. 

 

Média Aritmética

 

Si

Sf

GC - Grupo Controle

207,50

211,25

GVI - Grupo Experimental

207,30

267,75

 Notas:

1. Horizontalmente:

1.1. No Grupo de Controle (GC), a diferença entre as médias da Situação Inicial (Si) e a Situação Final (Sf) é de 3,75.

1.2. No Grupo Experimental, com a audiência presente, (GVI), a diferença nas duas situações é de 60,45.

 

2. Verticalmente:

2.1. Na Si, a diferença entre as médias dos grupos é de 0,2; esta diferença não é significativa estatisticamente para a construção dos grupos equivalentes.  

2.2. Na Sf, a diferença é de 56,50. O grupo com a audiência presente (GVI) obteve 56,50 de aumento, em relação ao grupo sem audiência (Grupo de controle GC). 

 

Para uma constatação gráfica da afirmação que o Grupo Experimental obteve um resultado superior em 56,50, veja as FIGURAS 1 e 2. 

FIGURA 1

FIGURA 2

  

Na FIGURA 1 observa-se, de modo marcante, os resultados  superiores dos Grupo Experimental que teve uma audiência presente observando o seu desempenho. Se os dois grupos, na primeira sessão, eram equivalente em desempenhos, esperava-se que, na segunda sessão, se não se variasse a situação, obteriam um desempenho equivalente ou aproximado. Porém, houve uma mudança, altamente significativa, observada na segunda sessão (Situação Final) do Grupo Experimental comparada com o desempenho do Grupo de Controle. Essa mudança foi causada pela audiência introduzida. Em outras palavras:

M = Sf (VI)

isto é, a mudança (M) verificada no desempenho da Situação Final (Sf) é efeito da introdução da Variável Independente (VI), a audiência.  

Observando-se agora o Plano Fatorial do QUADRO 1, de modo horizontal, constata-se que no Grupo Experimental (Gvi) houve na Situação Inicial 4.146 mm em desempenhos; que na Situação Final atingiram-se 5.355 mm, havendo um aumento de desempenho de 1.209 mm. No QUADRO 2 são encontrados os mesmos resultados transformados em Média Aritmética. O aumento foi de 60,45 entre essas duas médias. Superior, na situação com audiência.  

Nesse mesmo sentido horizontal, observa-se agora o Grupo de Controle (Gc) no QUADRO 1. Para que fossem confirmados integralmente os dados anteriores, os desempenhos entre a Situação Inicial e a Final deveriam ser iguais, aproximados ou com uma diferença não significativa estatisticamente, já que não houve introdução de nenhuma variável na Situação Final. Neste caso, os desempenhos da Situação Final são superiores aos da Situação Inicial. A diferença entre esses desempenhos é de 75 mm e usando as médias do QUADRO 2, a diferença é de 3,75. A causa para este pequeno aumento talvez se deva ao fato de os sujeitos do Grupo de Controle já conhecerem o aparelho e a tarefa a ser executada. Este aumento porém, não é significativo estatisticamente em comparação com o aumento altamente significativo do Grupo Experimental. 

Conclusão. 

A tentativa de réplica de experimentos realizados com o Ergógrafo confirma os experimentos anteriores e a teoria que os generalizou (Zajonc, 1969). Com dois grupos equivalentes em desempenho muscular, fazendo-se variar a situação do Grupo Experimental com a introdução de uma audiência, os resultados deste grupo aumentaram. Houve a confirmação de que “o desempenho do sujeito, na presença de uma audiência ultrapassa seu desempenho apresentado quando sozinho” (Zajonc, 1969). Nos resultados, o grupo que teve uma audiência presente obteve um aumento de 1.130 mm em desempenho em relação ao grupo que não teve audiência. “Esse aumento do resultado do desempenho muscular tem um significado especial pois supõe-se que no trabalho com o Ergógrafo, o indivíduo sempre atua no limite superior de sua capacidade”. (Zajonc, 1969). Esse aumento é decorrente da presença da audiência. Conclui-se que numa situação de emissão de respostas previamente aprendidas, o desempenho aumenta, se houver pessoas presentes.

Referências Bibliográficas:

 Meumann, E. “Haus und Schularbeit: Experimente an Kindern der Volksschule”.

 Travis, L. E. “The effect of a small audience upon eye-hand coordination”. J. Abnormal Sco. Psycho. 1925.

 Zajonc, R. “Psicologia Social”, São Paulo, Herder, 1969.

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Esse experimento apresentado acima, provavelmente é o 1º experimento realizado no Curso de Psicologia de Lorena, SP, após ele ter sido criado em 1970. Publico-o no site para que outros possam conhecer o experimento e, junto a essa publicação, apresento também informações que na época em que fiz esse experimento, compilei junto com outros colegas do Curso de Psicologia, inclusive eu datilografei, para que houvesse uma memória do que era e do que foi o início do Curso de Psicologia de Lorena, para os futuros alunos conhecerem um pouco de sua história.

 

Naqueles primeiros anos, na Faculdade Salesiana em Lorena, São Paulo, (atual Unisal) havia um Laboratório Experimental de Psicologia com diversos aparelhos especiais e, anexo a ele, uma sala com Caixas de Skinner para realização de experimentos de condicionamento com ratos. Além desse Laboratório existiam salas especiais com vidros unidirecionais, salas utilizadas para treinamento do atendimento clínico, no qual o aluno atendia um paciente em uma sala que tinha em um de seus lados, um grande espelho. Atrás desse espelho havia outra sala onde professores e outros alunos ficavam observando o que ocorria na sala de atendimento. Após o atendimento, o professor comentava o desempenho do aluno no atendimento do cliente e dava as orientações clínicas necessárias ao treinamento do aluno. Nos anos seguintes, por algum motivo, esse laboratório e outras dependências foram desativados.

 

Histórico do Laboratório de Psicologia

 

O Laboratório Experimental de Psicologia foi adquirido na Europa, de 1951 a 1953 pelo Pe. Carlos Leôncio da Silva, que na época estava à frente do Instituto Superior de Pedagogia do Pontifício Ateneu Salesiano na Itália. Continha aparelhos iguais aos utilizados no Instituto de Psicologia do Pontifício Ateneu Salesiana do Turin, na Itália, tendo sido o primeiro no gênero no Brasil. Na época existia idêntico material no Brasil, na Universidade Católica de São Paulo e na Faculdade D. Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de S.João Del Rei, Minas Gerais. Os aparelhos, em sua maioria, foram construídos sob encomenda pela firma L.A.S.M. (Laboratori apparecchi Scientifici Médici) de Turim e pelo Instituto Conte Rebaudengo, da mesma cidade ou pelas oficinas do Laboratório de Psicologia da Universidade Católica de Milão.

 

O Laboratório iniciou sua montagem junto à Faculdade Salesiana, em sala adrede preparada, a 15 de agosto de 1954 e foi inaugurado aos 17 de outubro do mesmo ano, com uma conferência do Prof. Lourenço Filho. Foi montado pelo Pe. Dr. João Modesti, seu primeiro Diretor, seguido pela competente e paciente direção do Pe. Dr. Antonio da Silva Ferreira. O Laboratório, em 1972 tinha como diretor o Pe. Vicente Moretti Guedes.

 

O Laboratório Experimental de Psicologia tinha como objetivos:

1. Formação científica dos alunos e estagiários no método da observação sistemática, da experimentação psicológica, adquirindo objetividade, precisão e senso científico.

2. Pesquisas no campo da psicologia pura e aplicada, possibilitando a professores e alunos interessados diversos trabalhos e estudos.

3. Demonstrações didáticas, feitas para os alunos ou estudiosos de outros institutos científicos, os quais, poderão assim constatar na prática a veracidade de certas leis ou o valor de suas aplicações.

4. Diversos serviços de casos, atendendo aos que desejam orientação profissional, educacional, diagnose e terapia de desajustamentos.

 

A partir de 1970, com a criação do Curso de Psicologia da Faculdade Salesiana de Lorena, atual UNISAL, o Laboratório de Psicologia teve um aumento de vulto em seu trabalho. Melhorou suas instalações para o estágio dos alunos e melhor atender às novas necessidades. Desenvolveu durante aquele ano o Serviço de Orientação Vocacional e Escolar, tendo sob seus cuidados a orientação do Colégio S.Joaquim de Lorena e o Instituto Estadual de Educação Oswaldo Cruz, de Cruzeiro, SP. Em janeiro de 1971 o Laboratório mudou-se para novas e amplas instalações, incluindo Biotério, no prédio do Colégio S.Joaquim. Em sua nova sede pode atender melhor seus objetivos, acrescidos na época, da Análise Experimental do Comportamento com o uso das Caixas de Skinner, para experimentos com ratos e da realização de Psicotécnicos para motoristas profissionais e amadores. As novas instalações do Laboratório tinha uma área de 225 m2, distribuídas em 7 salas especiais, de 4 m por 2,5 m, sendo:

1. Duas salas para aplicação do teste PMK, com mesas especiais apropriadas para aplicação desse teste.

2. Sala de Ortômetro.

3. Sala do Psicólogo, com instalações especiais para entrevistas.

4. Sala de Tempo de Reação e de Audiômetro, sala especial, subdividida em duas, sendo uma sala com os aparelhos medidores e outra, acústica, onde se realizava o exame, com intercomunicadores elétricos, fone e microfone.

5. Sala de secretaria: sala do expediente e arquivo de consulta.

6. Sala de arquivo, contendo estantes de arquivar os testes já usados ou realizados.

Além dessas salas especiais, há um salão de 25 metros por 8 metros e um salão menor de 6 por 8 metros.

 

APARELHOS PSICOLÓGICOS DO LABORATÓRIO EXPERIMENTAL DE PSICOLOGIA.

Os aparelhos existentes naquela época no Laboratório eram:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1. APARELHOS DE USO GERAL:

1.1. Amplificador Geloso 274/a com microfone e alto-falante, em ligação com a cabine silenciosa.

1.2. Máquina calculadora Olivetti para tabulação estatística dos testes e apuração rápida dos dados para pesquisa.

1.3. Projetor Projectofix, de Milano, para ampliação de figuras ou gráficos, projeção de diapositivos ou figuras opacas.

2. APARELHOS AUXILIARES, MEDIDORES E REGISTRADORES:

2.1. Metrônomo elétrico, modelo LASM para emissão de estímulos acústicos periódicos e variáveis, assim como para impulsos elétricos ritmados, através de um circuito interrompido para contato com mercúrio.

2.2. Aparelho de controle por queda para contatos elétricos.

2.3. Contador de erro LASM para corrente contínua de 10 volts.

2.4. Cronômetro elétrico de Jaquet, para corrente contínua de 10 volts com indicação de fração até décimo de segundo.

2.5. Aparelhamento para fixação de gráficos, com goma laca.

2.6. Quimógrafo elétrico (“detector de mentiras”), modelo LASM de Torino, com três velocidades.

O aparelho operava com papel enfumaçado ou tinta.

Estava provido de um prolongamento Hering que possibilitava trabalhar até com 3 metros de papel. O aparelho fazia registrações gráficas exatas e cronométricas controladas, exigidas pelas pesquisas de fisiologia, psicologia experimental e numerosas aplicações no campo da psicometria e psicotécnica. O aparelho funcionava também como “interruptor” e como aparelho de impulsos elétricos ritmados ou para correntes elétricas cronometradas.

2.7  Suporte, com anexos para associação ao quimógrafo de outros aparelhos medidores e contadores.

2.8. Cardiógrafo de Marey-Jaquet: cápsula pneumática montada sobre um aparelho de pressão, usado para exames psicofisiológicos da emotividade e para qualquer forma de controle psicofisiológico da atividade do candidato.

2.9. Pneumógrafo de Guzmann, que transmitia através de tubo de borracha às penas registradoras, as variações de pressão da respiração.

2.10. Cápsula de Marey, provida de penas registradoras para funcionar junto ao Quimógrafo, em associação com o Cardiógrafo ou Pneumógrafo.

 

3. APARELHOS PARA EXAME ANTROPOMÉTRICO:

3.1. Altímetro, para medir a altura total.

3.2. Balança marca Filizola, para apuração do peso.

3.3. Espirômetro de Pini, para avaliação da capacidade pulmonar.

3.4. Dinamômetro, modelo LASM, para medir a força muscular, manual e dorsal. Tabelado em três escalas de quilogramas força (60-120-180). Funcionava acionando-se, por pressão, duas barras paralelas, sendo a inferior móvel (movimenta três faixas de molas-lâminas colocadas em superposição). Na parte média anterior do aparelho há um mostrador que a força muscular em DINAS (unidade de força capaz de deslocar uma grama em um centímetro por segundo). A mensuração era feita por um ponteiro que se deslocava conforme a força dispendida e variava de zero a 180 dimas.

3.5. Compasso antropométrico.

 

4 – TESTES PARA ESTUDOS DE DIFERENTES FATORES MENTAIS:

4.1. Escala de Perfomance de W.P. Alexander: Teste de inteligência prática. A bateria de Alexander compreendia os testes: Passalong, Cubos de Kohs e Construção de Cubos.

4.2. Arco para demolir e construir: É um arco formado por nove blocos de madeira maciça (dos quais sete móveis) que representam os blocos de pedra de um arco de ponto (como o Arco do Triunfo). Indica: resistência nervosa frente às dificuldades, reflexão, lógica, método de trabalho, calma e domínio de si, energia, excesso de controle, fadigabilidade.

4.3. Teste de Atenção Distribuída de Bedini: modelo italiano. Retângulo contendo cinco linhas coloridas (preta, azul, verde, vermelha e amarela) sobre as quais estão variadamente distribuídos os discos coloridos. A prova (sobrepondo uma folha de papel transparente) parte do disco vermelho em baixo e une-se com o lápis com o primeiro disco que se encontra na linha da mesma cor (linha vermelha). Sempre unir o disco de uma dada cor com o primeiro disco que se encontra na linha da mesma cor daquele disco.

4.4. Teste de Atenção de Toulouse-Piéron: Mede a rapidez e exatidão da percepção. Modelo elétrico do Instituto Jean Jacques Rousseau com um aparelho anexo para computar automaticamente os erros e acertos.

 

 

5 – APARELHOS PARA ENGENHOSIDADE MECÂNICA OU INTELIGÊNCIA TÉCNICA

 

5.1. Bloco de Wiggly (O´Connor Wiggly Bock): Teste alemão que apura a inteligência prática, habilidade manual, observação, percepção de formas, importância da vista ou do tato no trabalho manual, coordenação visivo-motóricos, aprendizagem por tentativas ou erros, orientação mental.

 

5.2. Aparelho desmontável de Moede: Capacidade de intuição e golpe de vista da pessoa, memória visiva, grau de adaptação. Indicações do comportamento geral: metodicidade, reflexão, calma, impulsividade, irreflexão.

 

5.3. Mecanismos de Fritz-Heider: Dois engenhosos aparelhos. Somente um é de Heider; o outro foi acrescentado para confirmação dos resultados. Explora a habilidade de construções mecânicas. O sujeito deve retirar o mais depressa possível e com o menor número de movimentos ou de tentativas, a peça problema.

 

5.4. Caixa de Decroly: Apresenta um conjunto de 5 problemas com dificuldade diferente, cada um dos quais está ligado a diferente tipo de processo mental característico. É teste de inteligência prática, muito usado na Bélgica.

 

5.5. Aparelho de G. Richter: Exame psicológico de inteligência técnica. Coleção de 7 problemas de dificuldade crescente, tentando resolver situações hidráulicas. É um dispositivo que representa um  entrelaçado de condutores de água em que se podem inserir torneiras à vontade. O sujeito deve em cada um dos sete problemas, dispor as torneiras de madeira a fazer com que a água, que se supõe circular nos tubos, faça o percurso mais conveniente para obter os resultados que lhe são indicados pelo experimentador.

 

5.6. Teste A cidade, de Henri Arthus. Sem dados informativos.

 

6 – APARELHOS PARA HABILIDADE MANUAL E APRENDIZAGEM

 

6.1. “Souricière de Moede (A ratoeira): Reativo psicocaracterológico de habilidade manual de comportamento motriz. Modelo francês adotado por Pieron. É um fio de bronze torcido no qual é preciso passar 20 rodeletas metálicas. Avalia a motricidade, aprendizagem, comportamento geral, estado nervoso, coordenação bi-manual, visivo-motórica.

 

6.2. Cinestesiômetro ou Reglette Carard: Indicações sobre memória motriz, poder de controle, sugestionabilidade, automatismo, qualidades caracteriológicas. Cada aplicação apura 100 movimentos. O teste parece manter certa semelhança com o PMK de Mira y Lopes.

 

6.3. Falso Torno PÁS (Ambidestrímetro de Carro Duplo), de Moede: |Tem contagem automática de erros e tempo de erros. Usado para examinar a capacidade de dissociação e coordenação bimanual. Revela também, além das capacidades motóricas, dotes intelectuais (raciocínio, memória), adaptação, atenção, emotividade e características do trabalho manual, regularidade, fatigabilidade, rapidez de reações.

 

7 – APARELHOS PARA ESTUDO DA PSICOMOTRICIDADE

 

7.1. Tapping, com conta-golpes eletro-magnético: Serve para estabelecer o índice de capacidade motora voluntária para se fixar o índice de destreza e o índice de fadiga. Consiste numa placa metálica de 10 cm com um plano móvel, com fio elétrico flexível. O examinador bate com o estilete na placa metálica em golpes rápidos, num tempo determinado. Os golpes são contados eletricamente por um conta golpes.

 

7.2. Discos Reativos de Leon Walther: Mede a precisão dos movimentos, firmeza da mão, capacidade de apreensão, índice de desteridade. Compreende o seguinte material: dois planos nos quais existem 41 orifícios de 25 mm de diâmrtro. A profundidade dos orifícios do plano A é de 2,5 mm e a dos furos do Plano B é de 5 mm; 41 pequenos discos de 23 mm de diâmetro e 10 mm de altura. Teste feito de metal.

 

7.3. Tramômetro de Moede (Dextrímetro): Mede a firmeza da mão e sua motricidade, e a capacidade de auto-domínio.

 

7.4.  Desterímetro modelo LASM: mede a firmeza da mão.

 

7.5. Rodelas de Piorkowshy: Aparelho polaco para avaliar o grau de controle manual e agudeza visiva, bom senso e emotividade, espírito de observação, paciência, automatismo e perfectibilidade.

 

8 – APARELHOS PARA ESTUDO DA PERCEPÇÃO

 

8.1. Astes metálicas para ilusão de Muller-Lyer: Verifica as ilusões óticas de forma.

 

8.2. Mnemômetro de Rauschburg para determinação do tempo de apresentação dos estímulos percebidos. Discos com 60 setores apresentam estímulos variados: palavras, sílabas, sinais, números. Estuda o exame dos processos de memória e associação. Trabalha com corrente de 6 volts c.c. Envia estímulos a intervalos fixos marcados pelo metrônomo a contatos elétricos ou envia a intervalos variáveis por meio de um manipulador Morse.

 

8.3. Taquistoscópio de Netchaieff: Aparelho clássico, cronometrado com o relógio de Hipp. Para exame da rapidez de percepção das imagens.

 

8.4. Taquistoscópio duplo, de comando elétrico à distância.

 

8.5. Tempo de reação, simples, acústica e ótica: Modelo TR-12, do laboratório de Psicologia de Milão. Numa câmara acústica especial, estímulos são apresentados consecutivamente, mas em intervalos variáveis. Um papel milimetrado possibilita o registro automático de 50 reações em milésimo de segundo em conexão com um relógio contador tipo CCE-1.

 

9 – APARELHOS PARA EXAME DE VISTA

 

9.1. Ototipo de Snellen, para exame rápido da miopia.

 

9.2. Tabela pseudoisocromática de Stilling : 18 pranchas para daltonismo.

 

9.3. Lãs de Holgrem, para confirmação de daltonismo.

 

9.4. Campímetro ou Perímetro para avaliação do campo de visão para diversas cores e diversas situações emocionais.  Modelo de Landolt. Consiste em um arco graduado de 90º de raio, com cerca de 30 cm, que pode rodar  em redor de um eixo, com giro completo. O eixo é fixo em um suporte e atrás dele se encontra um disco graduado que permite a leitura de graus de inclinação de arco. Também o arco é graduado e sobre ele se faz correr, mediante um dispositivo mecânico, com quadradinho de papel colorido ou a figura que representa o objeto de observação. Em frente encontra-se um estribo para o queixo, regulável em altura, de modo que o sujeito possa fixar bem o olho, normalmente, no centro do arco, em que se encontra um ponto branco de referência.

 

9.5. Fotoestesiômetro, modelo PAS: Para determinar o limiar de percepção das diversas luminosidades. Integra o exame de daltonismo. Tabelado em Lux.

 

9.6. Estereômetro Batoscópio: Mede a percepção em profundidade. Modelo de Michette.  Consiste em uma armação de madeira com um visor para observação de três linhas metálicas, verticais, colocadas num dispositivo ao fundo. A linha central é fixa e funciona como ponto de referência das outras duas. Estas, à direita e à esquerda, ligadas a uma engrenagem, podem ser movidas em sentido de profundidade. O examinando deve, acionando um dispositivo, colocar as duas linhas laterais emparelhadas em linha com a central. Através de uma escala se pode verificar os desvios das respostas que por sua vez confrontam com normas próprias. Uma lâmpada ao fundo facilita a visibilidade.

 

9.7. Ortômetro:  Mede a percepção de profundidade (estereoscopia), visão escoptótica (acuidade visual e limiar de percepção visual), visão próxima (acuidade fotóptica e foria), visão ao longe (de percepção cromática), ofuscamento (medida de sensbilidade à luz aos estímulos ofuscantes), percepção de lateralidade (a forma, volume, distância de certo objeto). Consta de uma caixa metálica retangular tendo na parte anterior dois visores (ambos os olhos). Na parte posterior e superior existe uma abertura para se controlar as atitudes do examinando durante a prova. Lateralmente (direita) existem os controles manuais que são acionados durante a prova. O ofuscamento, uma das provas que o aparelho oferece,  é feito automaticamente através de uma célula elétrica que controla o tempo de exposição da luz. Aparelho utilizado em psicotécnico para motoristas.

 

10 – APARELHOS PARA EXAME DE OUTROS SENTIDOS

10.1. Audiômetro: Modelo italiano 801 N.042 Elit, Milano. Para acuidade auditiva. Examina os dois ouvidos em separado, emitindo freqüências variáveis de 125 a 8.000 hertz em em intensidade variáveis de 10 a 90 decibéis.

 

10.2 Ergógrafo de Mosso-Treves: Aparelho clássico que isola um dedo da mão e estuda a fadigabilidade e permite também, conclusões sobre traços caracteriológicos através do exame do ergograma.

 

10.3. Dinamômetro de Zimmermann (Dinamógrafo): Estuda o esforço máximo, a duração e do esforço e o trabalho realizado e a fadiga. O exercício é ritmado pelo som do metrônomo.

 

10.4. Estesiômetro, modelo PÁS, para estudo da percepção tátil nas diversas partes do corpo. sensibilidade tátil espacial.

 

11 – APARELHOS PARA ESTUDO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

 

11.1. Caixas de Skinner (10 unidades):

A caixa de Skinner é uma gaiola experimental que, nas suas características gerais, segue os princípios básicos de um aparelho análogo desenvolvido pelo professor B.F. Skinner. Este aparelho apresenta, em relação aos clássicos labirintos, caixas-problemas e outros, a vantagem de permitir um melhor controle das variáveis experimentais e mais acurados registros do comportamento animal. O aparelho consta das seguintes partes:

1. Câmara experimental: é a parte do aparelho onde o animal permanece durante o experimento; 3 paredes de alumínio e uma de plástico transparente circundam-na; solado de barras.

2. Barra: Na parte direita, lado interno, há uma barra metálica redonda, ligada a um interruptor elétrico; produz um clique característico sempre que é pressionada.

3. Bebedouro: Na parede, lado externo, há uma tampa presa por um botão; tem um “pescador” com uma concha que mergulha na água (quando a barra é pressionada ou quando o experimentador o desejar) e leva uma gota de água para a parte interna da câmara experimental, através de um orifício. É deste modo que o animal receberá a água durante o experimento.

4. Caixa de controle: Controla, através de interruptores elétricos, os mecanismos experimentais da caixa experimental. Uma chave elétrica, na parte frontal, permite selecionar o tipo de ligação necessária, de acordo com cada fase do experimento.