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         MENSAGENS EDUCATIVAS POSITIVAS     

 

 

 

   TEMA: PAI IDEAL: FIRMEZA COM CORAÇÃO  

Prezado/a internauta

     O artigo "Pai Ideal: firmeza com coração" objetiva levar a uma reflexão sobre o relacionamento da figura do pai com o filho/a.
     Com as ideias desse artigo, acredito estar contribuindo para que os pais passem a examinar o tipo de relacionamento que mantêm com o filho/a, e se acharem necessidade, que modifiquem para melhor esse relacionamento. Assim, cada pai estará fazendo bem a sua parte, contribuindo para que nossa sociedade venha a ter seres humanos com melhores características de relacionamento. E veja, no site www.editora-opcao.com.br , em especial, os livros "Criança Feliz, Adulto Feliz" e "Disciplina e a Educação para a Cidadania" livros encontrados somente por esse site do autor.
     Com um abraço fraterno, no ideal de uma melhor sociedade humana,

  

 PAI IDEAL: FIRMEZA COM CORAÇÃO

Antonio de Andrade *

        É comum a afirmação sociológica que a família é "a célula principal da sociedade humana", o primeiro ambiente social no qual a criança evolui e aprende os primeiros ensinamentos, internalizando aprendizados sobre regras básicas do agir e conviver com os outros, os limites, valores, atitudes culturais, emocionais, morais, éticas e outras informações necessárias para vir a ser um cidadão consciente e uma pessoa disciplinada na sua dimensão individual, social e futuramente, na vida profissional e de casal. Com as influências que recebe na família, a criança irá construir suas características pessoais, seu modo de pensar, sentir, reagir e de se relacionar, seus valores, esperanças, etc.

        O papel do pai nesses ensinamentos é fundamental e ele deve estimular o filho/a "a aprender". Aprender desde a tenra idade a ser "gente de qualidade", um ser humano com características saudáveis, em especial respeitar as regras de convívio, compartilhar responsabilidades, ter atitudes de cooperação, solidariedade, reciprocidade e de respeito aos outros e aos limites existentes e tendo várias outras características de qualidade como ser humano. Aprender a agir com honestidade, a falar a verdade e outros valores éticos. Agindo com essas atitudes ideais, o pai estará dando sua melhor contribuição para que seu filho/a evolua normal, saudável e feliz, com os comportamentos equilibrados que se deseja dele. Assim, uma criança, convivendo com um pai que a estimula positivamente, fazendo-a sentir-se amada e em segurança, terá as melhores condições para aprender o que precisa aprender em seu desenvolvimento rumo à autonomia e à independência como ser humano. Esse tipo de pai é atento ao filho e ele utiliza o bom senso, a experiência de sua vida, os conhecimentos, as leituras feitas e um maior contato positivo com seu filho, exercendo influência muito positiva na sua formação. Por outro lado, pai que não sabe a medida certa dos ensinamentos que deve dar, agindo com rigidez ou flexível demais, pode afetar negativamente o desenvolvimento do filho. 

        O pai, como primeira imagem de autoridade que a criança tem na vida, para educar bem o filho para vir a ser cidadão consciente e responsável, precisa ter atitudes educativas firmes, mas com um coração enorme, aplicando o que Santo Agostinho ensinou: "Odeie o erro, mas ame o pecador". Agindo assim para com seu filho/a, o pai poderá formar um ser humano mais equilibrado e que, certamente, saberá, quando adulto, agir com harmonia no contato com os outros, contribuindo com seu comportamento para que a sociedade venha a ser melhor. O pai é, para a criança, a primeira imagem de autoridade em sua vida e a interiorização dessa imagem (e das imposições sociais, culturais, morais, religiosas), segundo Sigmund Freud (1856-1939), médico austríaco fundador da Psicanálise, formará na pessoa o Superego, que funcionaria na mente da pessoa como uma consciência moral que a dirige para agir.(1) O tipo de relacionamento que a criança tiver com seu pai, certamente irá influenciar como ela enfrentará as regras e os limites normais que encontrará no convívio com as outras pessoas. Os tipos de relacionamento utilizado por pais são variados, mas há três mais marcantes, apresentados a seguir.

        Há pai que utiliza no relacionamento com seu filho, o "estilo autoritário" que era muito utilizado algumas gerações passadas: ele educa de modo rígido, severo, dogmático, inflexível, rigoroso, repressivo, ríspido, exigente, dá ordens e direções, valoriza obediência cega às regras e valores estabelecidos, reprimindo quaisquer outros comportamentos. Quando o filho/a comete alguma falta, lhe dá castigos físicos ou outros corretivos disciplinares, como punição. O filho reconhece e obedece integralmente a autoridade do pai, sem nenhum questionamento e nesse ambiente de autoritarismo, não tem outra escolha a não ser agir de modo resignado, obediente, submisso, dependente, silencioso, com medo, ansioso, frustrado, etc., o que poderá provocar nele inibição da sociabilidade, baixa auto-estima, frustrações, agressividade reprimida, sentimento de inferioridade, etc.

        Já um outro tipo de pai adota um "estilo educativo permissivo" (conhecido como laissez-faire), excessivamente liberal, indulgente, com fraqueza de controle e sem colocação de limites ao filho/a. Esse pai permite tudo, não proíbe nada, deixa o filho fazer o que bem entender que seja feito, dá o menor número de orientações, abstendo-se de avaliar, quer seja no sentido positivo ou no negativo. Certamente esse tipo de pai foi influenciado com a publicação das experiências da Escola inglesa de Summerhill, que dava liberdade total aos seus alunos e pelas mudanças na juventude da década de 60, com o comportamento "hippie" e com a influência da explosão libertária dos jovens universitários franceses ocorrida em 22 de março de 1968, iniciando a Revolução Cultural na França que espalhou as suas ideias pelo resto do mundo.(2) Em pleno século XXI é encontrado pai que age com esse "estilo permissivo", por sentir culpa ao pensar em impor quaisquer limites ao filho/a. Esse pai acredita na ideia, sem fundamento, que o filho/a ficará frustrado se lhe forem estabelecidos limites e regras. Essa ideia é crendice popular, ideia distorcida e sem fundamento científico já que nenhuma teoria recomenda aos pais que não ensinem limites às crianças e não exerçam a natural autoridade, educando os seus filhos. Esse tipo de pai, além de errar na interpretação das teorias psicológicas, e por ter, ele próprio, ficado frustrado e desiludido com a educação repressora e punitiva que teve na infância, quer dar ao seu filho/a uma educação diferente da que teve e também, porque não quer que seu filho o veja como autoritário, repressor e inibidor mas o veja como "bom" pai. E assim, esse tipo de pai dá liberdade total para o filho ter quaisquer tipos de comportamentos inadequados, para ter ataques emocionais de raiva, choro, birra, agressividade verbal (xingamentos, palavrões, etc) ou física (bater em outras pessoas) tolerando até as grosserias, a falta de respeito do filho e os abusos que ele comete. Agindo desse modo com o filho, o pai sofrerá as consequências de ter criado filho que é um verdadeiro "tirano" exigente que manda e desmanda sobre os membros da família, sem ter aprendido regras de convívio, limites, bons comportamentos e disciplina. 

        Mas nem tudo está perdido porque existe pai que sabe agir como seria o ideal de educação do filho, adotando um "estilo democrático" (definido por alguns como "estilo libertador", por outros como "estilo de autoridade com coração" ou "educação com amor" e ainda por outros, como "estilo estimulador positivo" ou "estilo envolvido"). Esse tipo de pai ficou com algumas características consideradas positivas do "estilo autoritário", fazendo adaptações para uma educação onde utiliza da sua autoridade de pai, sem haver rigidez. Uma mudança sutil, mas muito importante para educar o filho com equilíbrio e assim, este tipo de pai procura ter autoridade firme e clara sobre o filho/a, uma autoridade conquistada e construída no dia-a-dia, com um estilo de convivência onde existe respeito recíproco aos direitos e deveres de cada um, diálogo, companheirismo, sensibilidade, solidariedade, tudo isso sintetizado em "relações afetivas mais profundas e positivas" entre o pai e o filho/a. Há atitudes firmes de autoridade, mas com um coração enorme. Com esse tipo de convivência e orientação positiva sobre os limites, regras e o que é permitido ou não, certamente haverá melhores condições de desenvolvimento da cidadania do filho/a com obtenção de melhores resultados, e se a maioria dos pais agir assim poderá existir uma melhor sociedade humana, com seres humanos com características mais saudáveis e equilibradas.

        O pai adepto desse estilo democrático sabe que Jean Piaget (1896-1980) colocou "o afeto como motor da ação" e tem consciência que ao dar estímulos positivos ao filho, demonstrando afeto, estará levando-o a acreditar em si próprio, desenvolvendo uma autoestima positiva com melhores condições de acerto, estimulando-se assim um agir responsável, mais equilibrado, com independência e autonomia. Por isso, este tipo de pai, não só diz ao filho/a que ele é capaz, mas que ele está cada dia melhor, levando-o a sentir-se autoconfiante, dando-lhe sempre desafios e oportunidades para o êxito em suas atividades.  Por que é importante um pai agir como esse estilo democrático, estimulando positivamente o filho/a? "Freud ensinou que os traços fundamentais do caráter já estão firmemente delineados aos três anos de idade e era de opinião que os sucessos posteriores poderiam modificar, mas nunca seriam capazes de alterar fundamentalmente os traços que se forma nessa época. Até mesmo Adler, que em poucos aspectos concorda com Freud, assinala que ao redor dos quatro ou cinco anos se verifica a adoção de um estilo duradouro de vida. Com alguma regularidade constata-se que o caráter e a saúde mental de uma criança depende em grande escala das suas relações com o pai e a mãe nos primeiros anos.(...) Tendo conhecido a tolerância num ambiente de afeto, aprende mais prontamente a aceitar-se a si mesma, a suportar os modos de ser do mundo e a enfrentar os conflitos da vida de uma forma madura". (3) 

        Então, se você é pai, tem a grande oportunidade de educar bem o seu filho/a. Que tal aproveitar as comemorações do Dia dos Pais para fazer uma reflexão sobre como está educando o seu filho/a? Aproveite agora, no hoje, essa oportunidade pois chegará o dia em que seu filho/a não mais precisará de suas orientações, pois como um adulto consciente já terá internalizado as boas orientações que recebeu. O psicólogo Abraham Maslow já tinha feito esse alerta quando fez uma comparação: "A criança assemelha-se a uma árvore nova que está exposta ao vento e à tempestade. O jardineiro coloca uma estaca para evitar que ela entorte ou quebre com a força do vento,  e para que cresça na direção certa. Quando já estiver bem crescida e o tronco bastante forte, a estaca não será mais necessária".(4) Então, vamos lá pai! Mãos à obra para educar bem o seu filho! Será um pai mais feliz por ver seu filho/a desenvolver-se com equilíbrio e a sociedade, certamente, agradecerá suas ações de pai consciente... 

* Antonio de Andrade desenvolve em seu livros as ideias deste artigo, em especial nos livros "Criança Feliz, Adulto Feliz" e "Disciplina e a Educação para a Cidadania", livros encontrados somente pelo site www.editora-opcao.com.br  

Referências Bibliográficas: 

(1) Allport, Gordon W. Personalidade. São Paulo: Herder, 1969, p. 191. Horney, Karen. Novos Rumos da Psicanálise. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1966, p. 169-189.  Spoerri, TH. Compendio de Psiquiatria. Barcelona: Toray, 1970, p.31. 

(2) Livro do Ano Barsa. Anuário Ilustrado dos Principais Acontecimentos de 1968. Rio de Janeiro/São Paulo: Enciclopédia Britannica, 1969, p. 298. 

(3) Allport, Gordon W. Desenvolvimento da Personalidade. São Paulo: Herder, 1970, p.49-50.