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  TEMA: SUPERANDO AS FALHAS DE CARÁTER   

Agradeço ao autor Yogananda a utilização do texto para outras pessoas poderem refletir sobre o assunto.

SUPERANDO AS FALHAS DE CARÁTER

(Yogananda)

 AUTOPIEDADE:  Autopiedade é uma das maiores falhas do devoto na vida espiritual. Abrigar autopiedade significa estar tão imerso no ego, que nossa atitude é sempre subjetiva; não podemos ser objetivos acerca de nada. Se alguém faz uma sugestão, nós a tomamos como uma crítica pessoal. Constantemente sentimos pena de nós mesmos. Ser objetivo é pensar desta forma: qual é a melhor atitude em relação ao meu trabalho, em meu relacionamento com os outros; acima de tudo, em meu relacionamento com Deus e meu Guru.

Quando nos movemos na consciência subjetiva, tornamo-nos extremamente sensíveis. Ninguém pode oferecer qualquer crítica construtiva, porque estamos sempre na defensiva...  Estar na defensiva é um sinal de autopiedade. Treine a mente assim como o mestre nos ensinou, para você se colocar de lado e analisar uma situação e a sua reação e seja capaz de reconhecer como correto aquilo que foi dito sobre você, se esta for a verdade.

Se você se sente triste, mal humorado ou “em pedaços” porque alguém o criticou, você deveria compreender que esta é uma de suas falhas. Deus testa cada um de nós no ponto em que somos mais fracos, porque é aí que precisamos desenvolver força. Ele não aparecerá das nuvens para dizer: “Agora, meu filho, estas são as coisas que estão erradas em você”. Em vez disso, Ele traz para as nossas vidas aquelas circunstâncias que nos dão uma oportunidade para superar nossas fraquezas, para curar todas as feridas psicológicas em nossa consciência.

AUTO-JUSTIFICAÇÃO: Uma das feridas é autopiedade.   E outra é auto-justificação, sempre justificando nosso comportamento. O mestre nunca permitia isso. Em vez de sempre defender e se explicar, pare e observe silenciosamente a situação. Se alguém lhe diz que você fala mal dos outros ou sempre vê o lado negro das coisas, não esteja muito ansioso para justificar-se. Pare e introspecte. Talvez aquela pessoa esteja certa.

É muito difícil encontrar Deus. O caminho espiritual é como o fio de uma navalha. Você pode obter o mais precioso tesouro do mundo sem fazer o Maximo sacrifício. A única forma pela qual podemos alcançar este objetivo é desistindo de todas as falhas do caráter que nos identificam tão intimamente com esta forma e este ego, e assim permanecem entre nós e Deus. E para fazer isto, devemos deixar de lado a justificação.

 AUTO-IMPORTÂNCIA:  Outro defeito espiritual é a auto-importância: “Eu fiz isso, eu fiz aquilo, eu pensei aquilo”. Não é importante se você recebe crédito ou não e yogananda costumava lembrar-nos: “Muitas flores nascem para se encherem de cores às ocultas e gastam sua doçura no deserto”. Ele estava dizendo que realmente não importa se as pessoas reconhecem ou não nossas ações. Buscar reconhecimento humano é uma das maiores armadilhas no caminho para o sucesso espiritual. Guruji costumava dizer que alguém poderia progredir bastante no caminho mas se ainda pudesse ser carregado nas asas da bajulação, que apela apenas ao ego, poderia cair daquele estado elevado. O ego precisa ser superado.

Nós nos tornamos mais espirituais fazendo o que é certo, quer as pessoas nos deem crédito ou não. Você pode dizer “Bem, então eu perderia minha motivação para trabalhar; eu quero ser apreciado!”  Mas, eu estou convencida além de qualquer dúvida, que a única apreciação real vem de dentro, quando sabemos que temos a aprovação de Deus. Muitas pessoas alcançaram grande fama no mundo, mas terminaram suas vidas em suicídio. A adulação que receberam tornou-se vazia para eles porque não tinham aquela satisfação interior, mas se você sabe em seu coração que ganhou a graça de Deus, que O está agradando, sua mente não será abalada nem por elogios nem por censura que possam ser lançadas sobre você pelo mundo. Eu vi isto na vida do mestre. Ele costumava ter um sorriso tão caro, doce e humilde em sua face sempre que alguém o elogiava. E ele frequentemente dizia: “Aquelas palavras me tocaram, mas eu as deposito aos pés do Divino. Não procuro nada de ninguém, mas estou feliz, se de alguma forma possa agradar meu Deus”. Ele permanecia sempre o mesmo, calmo, em todas as circunstâncias. Era um ser verdadeiramente humilde.

 AUTO-CONDENAÇÃO: A próxima armadilha é a auto-condenação. Muitos anos atrás havia aqui um devoto que dedicava toda sua vida à auto-condenação. Estava sempre pensando e falando sobre si mesmo: “Eu sou o último dos últimos, eu sou tão indigno, eu sou isso e sou aquilo”,  até que você chegava ao ponto que gostaria de dizer, “Você poderia esquecer o “Eu”apenas por um instante? Pense de si mesmo como pó, se quiser, mas não fale tanto sobre isto!” Portanto, não seja apressado em condenar-se. Todos somos filhos de Deus, cada um comete erros, mas não acho que o Divino se importe mesmo um pouco com eles. O importante é que queiramos ser melhores e que tentemos ser melhores. Isto é tudo com que o Divino se importa. Ele quer que Lhe digamos: “Senhor, eu posso tropeçar um milhão de vezes, mas eu continuarei tentando até meu último suspiro”.  Isto é tudo o que Deus quer de nós - que humildemente sejamos capazes de dizer isto e de sentir isto, interiormente. Não deveríamos condenar-nos porque não somos perfeitos e yogananda costumava dizer: “Não importa quantos erros você faça, continue tentando”.

 DESONESTIDADE: Desonestidade é uma falha séria. É uma indicação exterior, de uma profunda desordem psicológica interior. Você não pode ser desonesto e estar com sua mente em Deus. Pergunte-se sempre, “estou sendo honesto, estou sendo sincero?” É impossível progredir com seus dois pés em barcos diferentes, um levando para Deus e outro para longe Dele. Esforce-se, portanto, para ser honesto sempre. Você pode perguntar, “Isto significa que eu deveria falar sempre a verdade, mesmo se danosa para os outros?” O mestre costumava dizer-nos, “Se você vê um homem cego descendo a rua e você está determinado a ser honesto e o chama “Ei homem cego, espere um instante!” isto é cruel. Use discriminação para compreender o que significa dizer a verdade. Um dos devotos, tentando praticar a honestidade, disse algo indelicado sobre outro, e isto foi trazido ao mestre. Ele interrogou aquele devoto, que disse: “Bem, eu fui arguido e pensei que deveria dar uma resposta honesta”. Naturalmente, ele não tinha o direito de julgar outra pessoa, pois o assunto não era de sua responsabilidade, e ele não conhecia todos os fatos. Após explicar isto, o mestre deu uma ilustração para ajudá-lo a compreender o princípio da honestidade espiritual. Ele disse: “Suponha que alguém está sendo perseguido por um  assassino com uma faca na mão. Você é um transeunte. O assassino lhe pergunta em que direção foi o homem fugitivo, e você responde, “ele subiu naquela árvore”. Você foi honesto, mas sua resposta causará grande dano. Portanto, este tipo de veracidade não é certo. Teria sido melhor apontar em outra direção ou permanecer quieto, do que fazer algo que traísse alguém ou causasse dano. Temos que usar discriminação em como levar esta ideia de honestidade. Tente primeiro e principalmente ser honesto interiormente com Deus. Nunca pretenda, diante Dele, ser qualquer coisa senão o que você é, porque Ele já lhe conhece. Mas tente estar em sintonia com o que Ele está pensando sobre você. Você não precisa defender-se diante Dele, seja capaz de dizer, “Senhor, eu fui impaciente; me descontrolei. Sei que é errado, porque não estou em paz dentro de meu coração. Perdoa-me”. Se você é sincero, sentir-se-á melhor. Por que? Porque você foi a Deus como a um pai, a uma mãe, ou outro ser querido. Não se esconda de Deus ou de si mesmo porque quando você o faz, isto constrói profundo sentimento de culpa por dentro, de forma que chega o tempo em que você realmente não quer dirigir sua mente para dentro e olhar para si mesmo, porque há muitas coisas lá que lhe parecem feias e não atrativas, e você não as quer por perto. Quando isto acontece, as pessoas necessitam de tratamento, porque perderam a habilidade de olhar objetivamente para si mesmos.

O que a meditação faz é lhe dar a compreensão correta acerca de Deus e de sua compaixão, e de seu relacionamento com Ele, de forma que você pode gradualmente começar a puxar para fora todas aquelas camadas de problemas psicológicas que o separam Dele. Através da meditação pode chegar o tempo em que você olha para si mesmo honestamente, com todas suas fraquezas e não sente nenhuma culpa ou medo de Deus.

 IMPACIÊNCIA:  Impaciência é outra falha de caráter. Todos podemos ser impacientes, às vezes, especialmente quando nos sentimos sob grande pressão. Isto é uma reação humana normal. Mas esta característica pode tornar-se um real impedimento para o bom relacionamento com os outros e, para o progresso espiritual. Se ela atua desta forma, então sabemos que precisamos fazer um esforço bem vigoroso para superar esta fraqueza. Um indivíduo que não sabe como exercitar paciência, não permanecerá firme em sua busca de Deus. Precisamos ter a determinação divina expressa no canto de Gurudeva que diz: “No vale da tristeza, mil anos ou até amanha, eu esperarei para ver a Ti, a Ti - apenas a Ti”. Isto é paciência. Se você pode dizer-Lhe: “Não importa, Senhor, se Tu vens a mim agora ou daqui a anos, eu continuarei procurando por Ti da mesma forma”.  Você pode estar certo de que sua amorosa e paciente determinação atrairá Deus. Mas se você faz como certos devotos, “Eu me darei 20 anos para encontrar Deus; mas, se até lá não for bem sucedido, desistirei”, você já terá determinado seu fracasso. Deus não virá com imposições. Ele virá a nós quando estivermos prontos. Acima de tudo, quando estivermos prontos. Se colocarmos qualquer limite de tempo ou outra condição em nossa busca, não há esperança de que Ele responda. Portanto, paciência deve ser exercitada na vida, e especialmente no caminho espiritual - absolutamente essencial para o sucesso espiritual. E yogadanda ensinou-nos paciência fazendo-nos exercitá-la. Certa vez ele deixou a mim e outro devoto esperando por várias horas em “Golden Gate Bridge”, São Francisco. Quando não podíamos mais permanecer de pé, decidimos que não nos importaríamos com que as pessoas pudessem pensar, e nos sentamos no meio fio da ponte. O vento tornou-se amargamente frio antes que o mestre e o motorista voltassem de carro para apanhar-nos. Ocorreu-me a ideia de que eu estava ficando azulada e poderia morrer congelada. Mas, não me permiti levantar ou mostrar irritação. E quando ele levou meu irmão Dick e eu à “Feira Mundial de Chicago”, em 1933, ele saiu com meu irmão e disse-me para esperar. Passaram-se quatro horas antes que eles voltassem. Ele me tinha dito: “Não fique vagueando” de forma que não vi nada da Feira, exceto o prédio onde eu estava esperando, que casualmente era o prédio da “Ford Motors” não muito interessante para mim. Alguém poderia criticar tal treinamento e dizer que era irrazoável. Penso que a maioria das pessoas teria se tornado impaciente e irritada de ter viajado mais de mil milhas para visitar uma Feira Mundial e apenas passar o seu tempo, sentada, esperando. Devotos que tinham tal atitude e falta de compreensão espiritual não permaneciam por muito tempo em torno de Guruji. Ele nos deu este tipo de disciplina porque para ele era mais importante que desenvolvêssemos as qualidades necessárias para encontrar Deus, do que estivéssemos sempre confortáveis ou que nossos desejos menores fossem satisfeitos. Mesmo como uma jovem discípula eu tinha a noção de que cada experiência vinha para ensinar-me algo, ou para ajudar-me a superar alguma limitação física ou mental. Sou profundamente grata por tudo no treinamento de Gurudeva, pois sem este treinamento eu não conheceria a realização interior, força, amor, e alegria que abençoam minha vida agora.

 ÓDIO: O ódio é um traço de caráter perigosamente corrosivo. É impossível sentir-se harmonizado com Deus se há ódio no coração. O ódio é uma das forças mais poderosas do mundo; apenas uma é maior, a força do amor. Quando o coração está sintonizado com o ódio, esta emoção negativa corrói a essência da vida espiritual. Não penso que qualquer de vocês abrigue ódio no coração. Mas se você constantemente sente ódio em direção a qualquer indivíduo, tenha por certo que este ódio destruirá completamente sua vida espiritual. Tão sério isto é,  é um dos maiores testes da natureza humana. Jesus poderia ter reagido com ódio intenso quando seu corpo estava sendo destruído por seus inimigos. Mas Ele não o fez. Exercitou a grandeza de coração, compaixão e amor divino que são sua real natureza, e são nossa real natureza. Ele elevou-se acima da vibração má e destrutiva do ódio, através da qual todo devoto na via espiritual, é alguma vez testado. Portanto, se você constantemente odeia alguém, não importa quão justificado você se sinta, saiba que será atormentado interiormente até que supere este ódio. O ódio não deve jamais ser guardado por qualquer ser humano que busque Deus. Ninguém cujo coração seja um canal para esta vibração maligna pode conhecer Deus.

 RESSENTIMENTO: O ressentimento é primo do ódio. É uma reação humana natural quando sentimos que fomos ofendidos ou tratados injustamente; assim como quando alguma coisa que dissemos volta à nós distorcida, ou quando alguém diz algo a nosso respeito que acreditamos não ser verdadeiro. No momento em que você se permite afligir com ressentimento, neste instante você perde a consciência de Deus. Você deve eliminá-lo de sua consciência. Tão frequentemente quanto ele entrar, lance-o fora.

FALSO ORGULHO: O falso orgulho é também um perigo. Ele vem do fato de darmos muita importância às nossas realizações, esquecendo que Deus é quem faz, e que apenas Ele merece crédito por qualquer sucesso que possamos obter. O ditado “O orgulho vem antes da queda” é muito, muito verdadeiro. No momento em que você der lugar a um falso orgulho, você está destinado a uma queda.

CIÚME: O ciúme é o resultado de um profundo senso de insegurança. Quando sentimos sintonia com Deus, não encontramos mais qualquer razão para ciúmes. Estamos satisfeitos com o que é nosso porque reconhecemos que o que é nosso vem Dele. Não queremos nada que alguma outra pessoa tenha, porque estamos satisfeitos; não precisamos de nada mais. O ciúme é comum entre os seres mortais, mas não pode permanecer nos corações daqueles que estão buscando Deus. O mestre deu uma ilustração relativa ao ciúme, que jamais esqueci. Ele disse a alguns dos devotos, anos atrás, “Aqui está minha mão com mais cinco dedos. Este dedo não pode tomar o lugar daquele dedo. Eu preciso de todos eles para fazer o meu trabalho. Cada um de vocês tem seu lugar certo no meu coração, e no amor de Deus”. E cada um descobrirá seu lugar certo, dentro da família ou na comunidade, se der o melhor de si. Portanto, não há justificativa para o ciúme.

 INVEJA: Outro defeito espiritual é a inveja. Como parte de nosso treinamento Guruji algumas vezes deliberadamente dava alguma coisa para um discípulo e ignorava os demais. Uma vez que compreendíamos o mestre, enxergávamos porque ele assim fazia para trazer à tona qualquer tendência em relação á inveja, de forma que pudesse ser reconhecida e removida. Eu lhes darei um exemplo. Através dos anos ele costumava dar pequenos presentes para nós, discípulos, na época de Natal, mas ele sempre dava o menor para mim. Na primeira vez, eu queria saber por que. Pensei, “Bem, talvez ele realmente não goste tanto de mim, quanto dos outros devotos”. Então fiquei muito envergonhada deste pensamento, compreendendo que era uma desonra pensar dessa forma. É humano, mas eu não gostava de ver esta pequenez em mim, nem em ninguém mais. Então eu analisei o fato: “Você realmente se importa? Você nunca quis coisas materiais. É por isso que ele não as está dando, elas não são algo que você queira. A única coisa que você quer é que ele cuide de você. E ele não precisa demonstrar isso dando-lhe presentes especiais de Natal”.  Então aprendi o que é superar a inveja. Desde então não me permito sentir esta emoção. Além disso, não quero pessoas em torno de mim que sejam egocêntricas. O mestre era absolutamente intolerante quanto à ciúme e inveja; ele não permitiria estas tendências em discípulos que desejassem estar junto dele. Ele costumava dizer: “Mantenha olhos em seu próprio prato, e não se preocupe com o que está no prato do outro. Você pode ter apenas o que é seu, e isto certamente virá à você”. Isto foi uma grande lição para mim. Com isto aprendi que realmente não importava qual era o relacionamento do mestre com qualquer dos outros discípulos. O que importava era se eu estava aprofundando meu próprio relacionamento com Deus e com meu Guru. E não importa em sua vida espiritual qual é o relacionamento de Gurudeva comigo ou com qualquer outro discípulo. O que importa para vocês é: “Qual é meu próprio relacionamento com Deus e o meu Guru?” Nisto é que você deve se concentrar. Nunca se permita estar interessado no que é dado a algum outro. Aquilo que vem a você de Deus e do Guru, é seu. Nada pode vir a você, exceto o que é seu, e nada que seja seu por direito, pode lhe ser negado. Esta é uma lei divina.